US$ 18 mil por 'nada'? Artista vende obra de arte invisível em polêmico leilão

Polêmica no mundo das artes: escultura que não pode ser vista é vendida por US$ 18 mil, desafiando noções tradicionais de valor artístico.

CURIOSIDADES

Sr. Curioso

5/10/20252 min read

US$ 18 mil pelo vazio: artista vende escultura invisível e desafia conceitos de arte

Em um leilão que parece saído de um conto surrealista, o artista italiano Salvatore Garau arrecadou 15 mil euros (cerca de US$ 18 mil) por uma escultura que literalmente não existe. Batizada de Io Sono ("Eu Sou"), a obra é, nas palavras do criador, uma "escultura imaterial" — algo que não pode ser visto, tocado ou medido, mas que, segundo ele, carrega um profundo significado filosófico.

O peso do nada

Garau, de 67 anos, defende que o vazio não é ausência, mas energia pura. Inspirado pelo princípio da incerteza de Heisenberg (da física quântica), ele argumenta: "O nada tem peso. Contém energia que se transforma em partículas — ou seja, em nós mesmos". Para ele, a escultura ganha vida na imaginação do espectador, exigindo que cada um "preencha" a obra com seu próprio pensamento.

Como "exibir" o invisível

O comprador anônimo recebeu um certificado de autenticidade e instruções precisas:

  • A obra deve ocupar um espaço de 1,5m x 1,5m, totalmente vazio e em local privado.

  • Nada pode obstruir a área — nem móveis, nem objetos.
    A ideia? Ao delimitar esse "nada", a mente do observador criaria a escultura.

Polêmica: arte ou provocação?

A venda, realizada em 2021 pela casa Art-Rite, superou expectativas (o valor estimado era de 6 a 9 mil euros) e dividiu opiniões:
A favor: "Uma crítica genial ao mercado da arte", "Ousadia conceitual".
Contra: "Fraude intelectual", "É só um espaço vazio!".
Um comentário viral resumiu a ironia: "Então ele colou fita no chão e chamou de arte?".

O precedente histórico (e as outras obras 'vazias' de Garau)

Esta não é a primeira vez que o artista brinca com o intangível:

  • Buda em Contemplação (2021): Um quadrado de fita adesiva em uma praça de Milão, marcando onde a estátua "invisível" estaria.

  • Afrodite Chora (2023): Um círculo branco vazio em frente à Bolsa de Nova York.
    Garau justifica: "Você não vê, mas ela existe. É feita de ar e espírito".

Afinal, isso já aconteceu antes?

Sim. Em 1958, Yves Klein vendeu Zonas de Sensibilidade Pictórica Imaterial, trocando "nada" por folhas de ouro. Mas Garau radicaliza: sua obra não tem sequer um objeto simbólico.

O debate que vale milhões

Enquanto redes sociais discutem se isso é genialidade ou charlatanismo, uma coisa é certa: o conceito rendeu lucro — e provou que, no mundo da arte, o invisível pode valer muito.

E você? Pagaria por uma escultura que não existe?