Por que os papas adotam um novo nome ao serem eleitos?

Ao serem eleitos, os papas adotam um novo nome como símbolo de sua missão espiritual e do legado que desejam seguir. A tradição remonta ao século VI e reflete valores, homenagens a santos ou papas anteriores, e até intenções para o futuro da Igreja.

CURIOSIDADES

Sr. Curioso

5/10/20252 min read

No dia 8 de maio, o mundo católico foi surpreendido com a eleição de Robert Prevost, um americano nascido em Chicago, como novo líder da Igreja Católica

Sucedendo o falecido Papa Francisco. Mas além da nacionalidade inédita, outro detalhe despertou curiosidade global: a escolha do nome papal Leão XIV. O gesto, carregado de simbolismo, reacendeu um questionamento antigo — por que os papas trocam de nome ao assumir o trono de São Pedro?

Embora não seja uma exigência oficial, a tradição de adotar um novo nome ao ser eleito papa é seguida há quase 500 anos. A prática teve início em 1555 com o cardeal Giovanni Pietro Carafa, que se tornou Paulo IV. No entanto, a inspiração remonta ao apóstolo Simão, que, segundo os Evangelhos, recebeu de Jesus o nome Pedro — uma mudança que marcou o início de sua missão como “a pedra” sobre a qual a Igreja seria construída. Desde então, a adoção de um novo nome passou a representar um renascimento espiritual e o compromisso com a missão papal.

A escolha do nome geralmente é uma forma de homenagear pontífices anteriores ou indicar alinhamento com determinadas visões. João Paulo I, por exemplo, combinou os nomes de seus dois predecessores imediatos para simbolizar continuidade. Já Leão XIV remete a uma linhagem antiga: o último papa com esse nome, Leão XIII (1878–1903), ficou conhecido por defender causas sociais e publicar a encíclica Rerum Novarum, um marco na doutrina social da Igreja.

Para muitos analistas, a escolha de Leão XIV por Robert Prevost sinaliza o desejo de unir tradição e compromisso social. Especialistas apontam que o novo papa pode buscar consolidar o legado de Francisco — com ênfase em acolhimento, justiça e diálogo com os marginalizados —, mas com uma administração mais técnica e integradora. “É um nome que resgata a força institucional e o engajamento social”, afirmou um professor de teologia em Roma.

O costume de mudar de nome também distancia o pontífice de sua identidade pessoal, reforçando o papel universal que passa a exercer. Poucos fiéis, por exemplo, sabiam que o Papa Francisco se chamava Jorge Mario Bergoglio. A nova identidade ajuda na comunicação global e carrega intenções que vão além do simbolismo: nomes como Bento, Pio ou Gregório remetem à paz, à piedade ou às reformas, respectivamente.

Ainda sem revelar publicamente por que escolheu Leão XIV, o novo papa já provoca interpretações. O nome “Leão”, historicamente, está associado à força, à sabedoria e à autoridade — qualidades que podem indicar uma postura firme diante dos desafios que a Igreja enfrenta, como divisões internas, escândalos e tensões geopolíticas.

Assim, o nome escolhido pelo papa é mais do que um detalhe cerimonial: é uma declaração de intenções. Em tempos de transformação, ele carrega o peso do passado, a mensagem do presente e as esperanças para o futuro.