O estranho motivo por trás das bolas de concreto de 400 toneladas no fundo do mar

Você sabia que cientistas estão lançando enormes bolas de concreto, com até 400 toneladas, no fundo do mar? Por mais estranho que pareça, essa iniciativa tem um propósito nobre e surpreendente: ajudar a combater os efeitos das mudanças climáticas.

CURIOSIDADES

Sr. Curioso

5/20/20252 min read

Algumas ideias, à primeira vista, parecem absurdas ou até prejudiciais ao meio ambiente. Uma delas é o curioso plano de lançar bolas de concreto de 400 toneladas no fundo do mar. Apesar de parecer uma ameaça ecológica, a proposta é justamente o contrário: essas enormes esferas foram projetadas para gerar e armazenar energia de forma sustentável.

O projeto foi desenvolvido na Alemanha pelo Instituto Fraunhofer IEE, em parceria com a empresa Pleuger, e vem sendo estudado desde 2012. Batizado de StEnSea (Stored Energy at Sea), ele conta com apoio do governo alemão e financiamento privado. A ideia central é criar um sistema de armazenamento de energia de longa duração, utilizando os princípios da energia hidrelétrica – mas adaptados ao ambiente marinho.

A proposta é ambiciosa: instalar grandes esferas ocas de concreto, com cerca de nove metros de diâmetro, em profundidades de até 800 metros no fundo do oceano. Essas bolas seriam dispostas em fileiras e conectadas eletricamente entre si. Dentro de cada esfera, há uma válvula motorizada, que é o componente essencial do sistema.

Quando a energia estiver disponível em excesso (como em momentos de alta produção solar ou eólica), a água será bombeada para fora das esferas. Já quando houver necessidade de energia, a válvula será aberta, permitindo a entrada da água, que passará por turbinas e gerará eletricidade – como em uma usina hidrelétrica invertida.

Porque bolas de concreto no fundo do mar

Segundo os pesquisadores responsáveis pelo projeto, o funcionamento das esferas de concreto é baseado no princípio de bombeamento reverso. Durante os períodos em que a demanda por eletricidade é baixa – como durante o dia, quando há maior presença de luz solar – as esferas são esvaziadas da água do mar por meio de bombas submersas, que armazenam energia na forma de energia potencial.

Quando a demanda aumenta, especialmente à noite ou em situações emergenciais, como apagões, o processo se inverte: a água do mar volta a entrar nas esferas, e essa movimentação aciona válvulas especiais que funcionam como turbinas, gerando eletricidade. O sistema aproveita a pressão natural das profundezas do oceano para movimentar a água e transformar essa força em energia elétrica.

Em outras palavras, quando há uma necessidade maior de energia, as válvulas se abrem e permitem a entrada da água sob alta pressão, que passa por um conduto e aciona as turbinas. Assim, as bombas passam a operar como geradores, produzindo eletricidade de forma limpa e contínua.

Entre as principais vantagens desse sistema inovador, está a capacidade de armazenar energia renovável sem gerar resíduos tóxicos ou emissões poluentes. Além disso, as esferas de concreto podem fornecer energia para milhares de residências, graças à sua impressionante capacidade de armazenamento, estimada em cerca de 820.000 gigawatts-hora.

Outro ponto positivo do projeto é a sua versatilidade: ele não precisa ser aplicado exclusivamente no fundo do mar. A tecnologia também pode ser adaptada para lagos profundos, naturais ou artificiais, e pode funcionar de forma complementar com outras fontes de energia renovável, como os parques eólicos.