36 horas sem comer: o que uma simulação chocante revela sobre os efeitos no corpo
Uma simulação viral detalha o que acontece com o corpo humano durante 36 horas de jejum. De mudanças hormonais à regeneração celular, descubra os efeitos surpreendentes e controversos dessa prática extrema.
SAÚDE
Sr. Curioso
5/22/20253 min read


Vídeo sobre jejum de 36 horas viraliza e reacende debate entre especialistas e entusiastas
Um vídeo que simula os efeitos de um jejum de 36 horas no corpo humano viralizou nas redes sociais, gerando discussões acaloradas. Enquanto alguns enxergam a prática como uma aliada da saúde, especialistas alertam: os efeitos do jejum prolongado são mais complexos do que parecem.
O jejum intermitente se popularizou nos últimos anos, tanto por motivações religiosas, como no Ramadã, quanto pela promessa de benefícios como perda de peso, melhora cognitiva e controle da glicose. Mas o que realmente acontece no corpo quando ficamos mais de um dia sem comer? E por que a ciência ainda não chegou a um consenso sobre seus riscos e vantagens?
As primeiras horas: o corpo entra em modo de adaptação
Nas primeiras 4 horas sem alimentos, o corpo conclui a digestão e inicia a chamada fase catabólica. Nesse estágio, ele começa a utilizar o glicogênio armazenado como fonte de energia, como se recorresse a um “estoque emergencial” para manter as funções vitais.
Ao completar 8 horas, os níveis de glicose no sangue caem, e o organismo passa a usar as reservas de glicogênio do fígado. Essa transição marca o início de mudanças metabólicas mais profundas.
12 a 16 horas: cetose e renovação celular
Após cerca de 12 horas, o fígado começa a converter gordura em ácidos graxos e corpos cetônicos, que substituem a glicose como combustível. Esse processo, chamado de cetose, tem sido associado à perda de peso e melhora da sensibilidade à insulina.
Aos 16 horas, entra em cena a autofagia — um processo de “limpeza celular” em que partes danificadas das células são recicladas, favorecendo a regeneração. Estudos apontam que a autofagia pode contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas e é intensificada pela prática de exercícios físicos.
24 a 36 horas: entre regeneração e alerta
Após 24 horas, o corpo passa a investir em reparos celulares mais profundos, com redução da inflamação e aumento da queima de gordura. Por volta das 30 horas, há um pico na produção do hormônio do crescimento, importante para a preservação da massa muscular.
Ao atingir 36 horas, a autofagia atinge seu ápice, e muitos entusiastas veem esse momento como um “reinício” do organismo. No entanto, é justamente aqui que surgem as maiores divergências entre cientistas.
A ciência por trás da controvérsia
Pesquisadores como o neurocientista Mark Mattson, da Universidade Johns Hopkins, destacam potenciais benefícios do jejum prolongado, incluindo proteção contra doenças metabólicas e cardiovasculares. Por outro lado, cientistas como James Betts, professor de fisiologia metabólica, alertam que muitos estudos ainda são preliminares e baseados em modelos animais — os efeitos em humanos continuam pouco compreendidos.
Além disso, o jejum prolongado não é isento de riscos. O Instituto Nacional de Saúde dos EUA aponta que jejuns superiores a 16 horas por dia podem aumentar a incidência de cálculos biliares. Fome excessiva, irritabilidade, problemas digestivos e alterações de humor também estão entre os efeitos colaterais mais comuns.
Para quem o jejum é — ou não é — indicado?
A prática não é recomendada para todos. Pessoas com diabetes, gestantes, idosos e indivíduos com histórico de distúrbios alimentares devem evitá-la. Mesmo para adultos saudáveis, jejuns prolongados devem ser acompanhados por um profissional de saúde.
Cada corpo reage de forma diferente. Enquanto alguns relatam clareza mental e bem-estar durante o jejum, outros enfrentam sintomas como tontura, fraqueza ou dificuldade de concentração.
Muito além de uma tendência
A crescente popularidade do jejum intermitente reflete o interesse por estratégias naturais de promoção da saúde. No entanto, a complexidade do corpo humano e a falta de estudos conclusivos de longo prazo tornam o tema ainda controverso.
Para quem deseja experimentar, a recomendação é iniciar com jejuns mais curtos, como 12 horas, sempre com atenção ao próprio corpo. Garantir boa hidratação e uma alimentação balanceada nas janelas alimentares é essencial para evitar riscos.
Enquanto a ciência continua a investigar, uma coisa é certa: autoconhecimento e orientação profissional são fundamentais antes de adotar qualquer mudança drástica na rotina alimentar.
Veja a simulação \/
